sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Professor da UFMG é novo relator da ONU sobre água e saneamento

Leo Heller vai substituir a portuguesa Catarina de Albuquerque.
Para ele, gestão de recursos hídricos é feita com pouco planejamento.

Um brasileiro será o novo relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre água e saneamento. A indicação do mineiro Leo Heller para o cargo foi confirmada nesta quinta-feira (6) pela entidade. O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) substitui a portuguesa Catarina de Albuquerque, que exercia o mandato desde 2008.
Aos 59 anos, Heller foi indicado ao cargo pelo presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Baudelaire Ndong Ella, no fim de setembro. Ele explica que o processo para escolha foi longo e que concorreu ao cargo com mais de 20 pessoas de várias partes do mundo. O pesquisador nascido em Belo Horizonte conta que soube da notícia pela imprensa e por amigos, mas disse que ainda não foi oficialmente comunicado pela ONU. Segundo ele, Catarina de Albuquerque também lhe escreveu para cumprimentá-lo.

De acordo com Heller, entre as tarefas fixas do relator especial está a realização de, no mínimo, duas missões oficiais em locais onde há indícios de violação de direitos humanos relacionados a água e saneamento. Ele deve também elaborar recomendações para governos, para as Nações Unidas e para outras entidades interessadas sobre o tema.

Segundo o pesquisador, a previsão é que ele comece a atuar no cargo em dezembro. O mandato tem tempo máximo de seis anos.

Atuação
Leo Heller se formou, no ano de 1977, em engenharia civil pela UFMG. “O tema do saneamento é um dos ramos da engenharia civil. Já me formei atuando na área”, afirma. Também pela Universidade Federal de Minas Gerais, ele obteve o título de mestre em saneamento, meio ambiente e recursos hídricos e de doutor em epidemiologia. Na Universidade de Oxford, na Inglaterra, fez pós-doutorado.

Depois de se aposentar em agosto, Heller, que era professor titular da UFMG, passou a atuar como professor voluntário na instituição. Atualmente, na universidade, Heller integra o Grupo de Pesquisa de Políticas Públicas e Gestão em Saneamento e também aguarda a nomeação como pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No doutorado, o mineiro realizou um estudo epidemiológico em que procurou identificar o impacto da carência de acesso ao saneamento no indicador de morbidade por diarreia infantil em uma cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, além de aspectos da saúde relacionados a água e esgoto, ele tem as políticas públicas como foco de seu trabalho.

Água
Questionado sobre a crise hídrica pela qual passam cidades brasileiras, o novo relator especial da ONU sinaliza um problema que pode ser observado em escala mundial. “Uma marca importante que tem explicado a falta de acesso à água é uma gestão com muito pouco planejamento. Muitos argumentam que são as mudanças do clima, mas a mudanças devem ser incluídas no planejamento e não devem ser surpresa. [...] É um setor [o de água e esgoto] que ainda requer muito aperfeiçoamento, um setor pouco valorizado, mas que, por outro lado, tem enorme impacto social”, afirma.

Sobre a recente polêmica envolvendo Catarina de Albuquerque e governo de São Paulo, Heller concordou com a posição da portuguesa. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" em 31 de agosto, ela responsabilizou a administração pública estadual pela falta de água. “Eu concordo com a posição da Catarina. Não achei correto o governo de São Paulo mandar ofício para ONU, mas é um direito dele. Catarina estava no papel dela e não exorbitou a função”, opina.

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